Uma notícia do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja deixou o setor cervejeiro otimista. A produção que cresceu 5,24% em 2009 e colocou o Brasil na frente da Alemanha que é considerada a pátria mãe da cerveja. Embora o crescimento tenha sido significativo, a produção nacional ainda ocupa o quarto lugar no mundo, com 10,9 bilhões de litros.
China, Estados Unidos e Rússia ainda estão na frente.

O setor resiste a ataques violentos de todos os lados: Os impostos federais subiram 15%, na contramão dos incentivos que o governo dá a muitos outros produtos; A restrição ao uso de bebidas para quem dirige é a mais radical de todo o mundo livre; O fechamento de bares às 23 horas e outros não atrapalharam o setor. Ao contrário, lhe deram impulso.

A Indústria cervejeira festeja o aumento de produção enquanto os bares, antigamente a maior fonte de vendas deste produto, amargam uma retração estimada em 15%. O que está acontecendo? A sociabilidade, acompanhada de um chope está diminuindo?
Leis que impedem o funcionamento de bares depois das 23 horas vêm alterando o hábito dos Manauaras e dos brasileiros em geral. Quem já saiu à noite na periferia de Manaus e, no meio de uma fatia de pizza, passou pelo constrangimento de ter de se retirar de lá ante a truculência policial sabe do que falamos.

Supermercados e atacadistas estão vendendo cerveja como nunca. O sistema pegue e pague que praticamente elimina toda a mão de obra está “cumprindo a lei” que, só em Manaus, já ceifou o emprego de 4.000 pais e mães de família que tinham a nobre função de atender o bebedor de cerveja notívago. O tiro legal saiu pela culatra. O consumo de cerveja em casa, nas ruas em torno de um carro com música cresce a cada dia. Assim o consumidor brasileiro está ingerindo muito mais conservantes em forma de cerveja em lata, uma vez que esta não resiste à pasteurização que é o conservante natural da cerveja em garrafa.

A demagogia de políticos que, uma hora estão numa porta de fábrica defendendo a permanência de alguns empregos, noutra estão demolindo micro-empresas para agradar setores da sociedade que demonizam o lúdico está se mostrando insustentável. Sim, porque por trás da máscara da “segurança pública”, “segurança doméstica” se esconde a intenção de acabar com a bebida alcoólica. Essa notícia mostra que ela está aumentando.

A bebida alcoólica, em teoria, não é necessária ao homem. Na prática não promove os estragos que alguns alardeiam. No auge da ditadura, os bares eram os raros redutos de democracia. Hoje, em que se comemora a democracia, os bares estão sendo tratados como antros de perdição. Ainda bem que apenas por aqueles que vêem a sociabilização em bares com óculos escuros ou opacos. O convívio social, acompanhado de um copo de cerveja já promoveu bons negócios, namoros que acabaram em casamentos duradouros e continua fazendo amigos e integrando pessoas. Além de ser um espaço natural para se discutir de tudo, até mesmo futebol, política e religião.

Não é o fato de passarmos à frente da Alemanha que deve nos deixar alegres ou tristes. O aumento da produção de cerveja pode representar um marco triste se apenas significar que as pessoas bebem mais. Mas, se o saudável hábito do encontro em barzinho, mesmo que não seja para beber, for prejudicado, então sim haverá muita tristeza.

Por Luiz Lauschner - http://www.luizlauschner.prosaeveso.net



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